A AEAPE já não existe!

A AEAPE estava sediada no Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, Portugal, Europa.
Esta associação foi dissolvida em Outubro de 2010 após decisão em Assembleia Geral.

Todos os serviços estão encerrados desde então.

Para opinião Clínica consulte o seu Médico.
Para orientação Legal consulte o seu Advogado.
Para apoio Social consulte o seu Assistente Social.

Procure à esquerda uma associação que o\a possa ajudar:

domingo, 13 de dezembro de 2009

Um belo livro, sobre um doente com esquizofrenia, a não perder...



No decorrer desta semana deparei-me com um livro, já antigo, mas que desconhecia por completo. Trata-se de "Diário de um louco" de Nikolai Gogol (1842). Um muito fiel retrato, escrito na primeira pessoa, de alguém que, parece ser, acometido pela psicose. Ficamos na dúvida se se trata de uma parafrenia, ou de uma esquizofrenia de início tardio.

Para o caso pouco interessa, é uma obra repleta de ricas e pormenorizadas descrições dos sintomas e do sofrimento do protagonista: nomeadamente os delírios e as alucinações. No entanto fica uma nota quanto à infeliz escolha do título. Perdoa-se o lapso, atendendo ao contexto histórico.

Folhetos da AEAPE já estão online!

Tal como o Boletim EMPATIA, a AEAPE está a re-editar alguns folhetos com informação útil sobre Esquizofrenia. Enquanto não sai a versão em papel, ficam aqui os ficheiros digitais (PDF) de algumas brochuras que podem ser muito úteis:


Haxixe: perigo real na Esquizofrenia



Detectar a Esquizofrenia no começo



Como lidar com a Agressividade na Esquizofrenia



Medicamentos Anti-Psicóticos no Tratamento da Esquizofrenia

Boletins EMPATIA já estão online!

A AEAPE está em vias de re-editar os boletins EMPATIA 4, 5, 6 e 7!

Enquanto esses materiais não estão disponíveis, em papel, todos os interessados poderão aceder às versões digitais (ficheiro PDF) através do nosso blog. Aqui ficam os links para os mais curiosos:


EMPATIA 4



EMPATIA 5




EMPATIA 6




EMPATIA 7

domingo, 6 de dezembro de 2009

Um belo filme, sobre um doente com esquizofrenia, a não perder...



Tive o prazer de ver "O Solista", filme de 2009 realizado por Joe Wright que retrata a relação entre Nathaniel Ayers, um músico genial que sofre de esquizofrenia, e Steve Lopez, um colunista de sucesso de um jornal de Los Angeles. É uma obra encantadora, baseada em factos reais, que nos chama a atenção para a difícil vivência da pessoa afectada por esta doença e para todos os que a rodeiam e se importam com ela (familiares, amigos ou técnicos de saúde). O filme recorda-nos que genialidade e transtorno psíquico andam, muitas vezes, de mãos dadas e o quão importante é o respeito pela diferença.

Vencer o estigma da esquizofrenia

O que é o estigma?

Estigma é qualquer atributo ou característica que desclassifica fortemente o indivíduo aos olhos dos outros. Tudo se passa como se a pessoa tivesse duas identidades, uma identidade social que corresponde aquilo que a sociedade espera da pessoa tendo em conta os papéis sociais desempenhados e outra identidade individual que corresponde aos aspectos únicos e particulares do indivíduo. Ora, há certos aspectos da identidade individual, que apenas são conhecidos de um número restrito de pessoas, geralmente os familiares. Se esses aspectos passarem ao conhecimento de um grupo social mais alargado e se os membros do grupo reagirem de forma negativa, o indivíduo em questão pode ser desclassificado socialmente e estamos perante um processo de estigmatização. É o que geralmente acontece no caso da esquizofrenia. O indivíduo é, assim, atingido pela estigmatização social que consiste numa rejeição que leva à discriminação e exclusão em diferentes domínios da sociedade. Desta forma, a pessoa que sofre de esquizofrenia pode ver-se rejeitada no local de trabalho, na escola, entre os amigos e vizinhos e até pela própria família.


Porque é que a esquizofrenia está associada a um forte estigma social?

De entre as razões que podem levar à estigmatização da esquizofrenia, podem referir-se a ignorância sobre o que é a esquizofrenia e sobre os processos actuais de tratamento; os preconceitos e as ideias populares, sem fundamento científico, mas que estão enraizadas na nossa cultura e que levam as pessoas a ter medo de conviver com pessoas que sofrem de perturbação mental, por pensarem que essas pessoas podem ser conflituosas e perigosas, ou não saberem comportar-se em sociedade.


Quais são as consequências da estigmatização da esquizofrenia?

Em consequência da estigmatização, a sociedade reforça o seu ponto de vista de que a esquizofrenia não pode ser tratada, o que leva as pessoas a evitar dar emprego a pessoas que sofrem ou sofreram de esquizofrenia, mesmo que já se encontrem capazes de trabalhar. O convívio com tais pessoas é evitado e as pessoas mais próximas estão sempre prontas a interpretar em sentido negativo os comportamentos dos seus amigos ou familiares, criando um sentimento de insegurança e de falta de compreensão. A estigmatização pode gerar um sentimento de vergonha entre os familiares e nos próprios doentes e isso ainda os afasta mais dos serviços e dos profissionais de saúde que lhes poderiam proporcionar auxílio e ajudá-los a fazer uma vida normal.


Como vencer a estigmatização?

A estigmatização, como fenómeno de exclusão social, deve ser combatida a vários níveis, cujos principais intervenientes são: as pessoas que sofrem de esquizofrenia e as suas famílias; o pessoal e os serviços de saúde; os líderes e as organizações na comunidade de residência; os órgãos de comunicação social; e os organismos governamentais.

  1. As pessoas que sofrem de esquizofrenia e os seus familiares devem compreender e aceitar que a esquizofrenia é uma doença, de que ninguém é culpado, e que actualmente existem tratamentos que permitem a recuperação do indivíduo. Uma vez recuperado, o indivíduo poderá continuar fazer a sua vida familiar ou profissional.
  2. Independentemente das causas da esquizofrenia, o pessoal e os serviços de saúde devem desenvolver a sua actividade o mais perto possível dos locais de residência dos doentes e organizar programas de psicoeducação destes e das suas famílias. Os programas de psicoeducação para além de contribuírem para uma melhor evolução da doença, são um dos meios mais eficazes para combater a estigmatização.
  3. Embora a estigmatização seja um fenómeno de origem social com especial relevância para a comunidade de residência, não se pode esquecer que a própria comunidade deve ser mobilizada contra a descriminação da esquizofrenia e outras perturbações mentais. Autarcas, ONGs e líderes locais devem ser chamados a participar na mudança de atitudes negativas contra a esquizofrenia.
  4. A comunicação social tem uma enorme influência na formação de atitudes, sendo necessário que os profissionais da comunicação social tenham melhor informação e acesso a documentação actual sobre a esquizofrenia.
  5. Ao estado compete um papel muito importante no estabelecimento de políticas correctas e na garantia dos direitos humanos e sociais, das pessoas que sofrem de perturbação mental, considerando-se que o respeito pelos direitos humanos é igualmente uma forma privilegiada de luta contra a estigmatização e a discriminação social.

A AEAPE e a luta contra a estigmatização

Os fundadores da AEAPE – Associação para o Ensino e Apoio na Esquizofrenia incluíram expressamente o termo Esquizofrenia no nome da associação, por considerarem que não devemos ter medo de usar certas palavras e que as devemos usar sempre no seu verdadeiro sentido. Podem ser sócios da AEAPE todas as pessoas interessadas nos objectivos da Associação, independentemente do seu estatuto profissional ou situação. A Associação está aberta a profissionais, doentes e seus familiares ou amigos.


Professor Doutor Fausto Amaro